A Cetamina, também conhecida como Ketamina, é um fármaco com propriedades anestésicas utilizado tanto para induzir anestesia como para tratar dores crônicas. Nos últimos anos, porém, ela tem sido usada também no tratamento da depressão e prevenção ao suicídio, descoberta considerada uma das maiores inovações da psiquiatria.
Um pouco da história deste fármaco
O primeiro trabalho atestando o efeito anestésico da Cetamina em humanos foi publicado em 1966. Quatro anos depois ela foi aprovada pela FDA (Food and Drugs Administration) - a agência reguladora de saúde nos EUA - e vem, até hoje, sendo utilizada por anestesistas em ambientes cirúrgicos ao redor do mundo. É um medicamento que se destaca por possuir um enorme poder analgésico com notável perfil de segurança.
Mas ao longo dos anos a Cetamina teve seu potencial terapêutico ampliado também para outras áreas da medicina e, por volta dos anos 2000, foi publicado o primeiro estudo avaliando seus efeitos no tratamento da depressão, ali mesmo já apresentando resultados promissores. Desde então, vários outros estudos foram realizados e a substância, antes aprovada apenas como anestésico, vem se mostrando muito eficaz nesta, que é uma das doenças mais prevalentes da atualidade.
E porquê afinal esta foi uma descoberta tão revolucionária?
Até então, todos os antidepressivos disponíveis atuavam principalmente no sistema monoaminérgico, que envolve a regulação dos níveis de serotonina, dopamina e noradrenalina no cérebro. A Cetamina, por sua vez, age no sistema glutamatérgico, atuando como um neurotransmissor excitatório. Isso resulta em um aumento dos níveis de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), que auxilia na restauração das conexões entre as células cerebrais. Essa atuação diferenciada a torna uma opção terapêutica única.
Além disso, este é um tratamento cujo tempo de ação é mais rápido se comparado aos antidepressivos convencionais. Enquanto as reações dos medicamentos tradicionais levam cerca de três semanas para começar a aparecer, os efeitos terapêuticos da Cetamina podem ser observados em poucas horas.
Para quem este tratamento é indicado?
Aqueles que apresentem sintomas de:
- Depressão resistente ao tratamento
- Transtorno Bipolar de Humor (na fase depressiva)
- Ideação suicida
- Dores crônicas
Abaixo, alguns detalhes do tratamento realizado com este fármaco:
Toda sessão é feita sob a supervisão de um médico psiquiatra, um clínico geral e de uma equipe de enfermagem
Cada sessão dura em média 90 minutos, desde a chegada do paciente até a administração do medicamento e sua saída
No INPI, utilizamos a Escetamina via subcutânea ou endovenosa. Antes do início do tratamento, os casos devem ser discutidos entre a equipe médica do INPI e o psiquiatra responsável pelo acompanhamento do paciente. Caso haja melhora com as aplicações, a necessidade de um tratamento de manutenção também será avaliada, visando reduzir as chances de recaída após a interrupção do uso do medicamento.
É importante ressaltar que, geralmente, durante este tratamento, recomendamos que os pacientes continuem tomando os remédios prescritos anteriormente.
E existe contraindicação?
Sim. Pacientes com problemas cardiológicos graves ou instáveis, e pacientes com sintomas psicóticos agudos não devem optar por este tipo de procedimento.